PRÉ-CINEMA
curso com RAIMO BENEDETTI
“O cinema, nos seus primórdios, não era ainda o que chamamos de cinema. Ele reunia, na sua base de celulóide, várias possibilidades de espetáculos derivados das formas populares de cultura, como o circo, o carnaval, a pantomima, a prestidigitação e a lanterna mágica”.
(Arlindo Machado)
O interesse pela arqueologia das imagens ópticas vem ganhando cada vez mais adesão e relevantes relações entre as práticas ancestrais com a produção audiovisual contemporânea vêm sendo desenvolvidas. O curso Pré-Cinema pretende apresentar tais relações a partir da história de antigas formas e dispositivos de conferir movimento às imagens, como a câmera obscura, a lanterna mágica, a fantasmagoria, o panorama, os objetos óticos e cinéticos, que estão na gênesis de um enorme acúmulo de práticas cuja ressonância reverbera até os dias de hoje. Relacionando-os com presente, pretende-se despertar a atenção de interessados oferecendo uma visão mais ampla sobre a história das tecnologias da imagem.
Por meio da reunião e exibição de vasto material de arquivo como fotos, filmes e documentos, espera-se expandir a percepção histórica da constituição do cinema e ecoar a convicção do pesquisador francês Laurent Manonni de que “O sonho de projetar numa parede ou numa tela imagens luminosas e animadas é, na história da humanidade, quase tão antigo quanto ao sonho de voar”.
Datas: 10 a 31 de agosto de 2017
Período: Quintas, 20h – 22h30
Duração: 4 encontros
Local: R. Amália de Noronha, 301
(5 min. do metrô Sumaré)
Vagas limitadas! Inscreva-se:
atelierpaulista@gmail.com
RAIMO BENEDETTI
É videoartista. Cursou Cinema e Vídeo na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Atua no campo das imagens em movimento desde os anos 1990. Atualmente trabalha como produtor e montador de filmes cinematográficos e videografias, além de ministrar aulas sobre o campo expandido dessas áreas de conhecimento. No ano 2000 criou para o MAM de São Paulo o curso “Vídeo Experimental”. Foi bolsista do Centro de Arte Contemporânea Arteleku. Passou pelas instituições artísticas e acadêmicas: Fundació La Caixa (Espanha), Instituto Tomie Ohtake, Universidade de São Paulo e Museu de Imagem e Som. Participou de vários festivais como ERTZ, Cube, Motomix, SPA, dentre outros. Foi indicado ao Prêmio Sérgio Motta em 2009 e contemplado pelo programa do Instituto Itaú Cultural “Rumos Audiovisual”, em 2010. Desde então se dedica a construção de uma arqueologia das mídias para as imagens em movimento. Nesse sentido, criou os cursos Pré-Cinema e Cinema das Atrações. No momento está em processo a composição de um livro de sua autoria sobre Eadweard Muybridge e Éttiene-Jules Marey, cuja publicação pela Editora SESI-SP está prevista para 2017.
PROGRAMA
Aula 01_Do Teatro de Sombra à Camera Obscura
Luz e sombra, reflexão e refração, óptica e cinética. O esforço em controlar a propagação natural da luz gerou uma série de práticas que estão na gênese das manifestações da imagem luminosa. Quando encontra um simples orifício, a luz se comporta de modo fascinante naquilo que é conhecido como o fenômeno da câmera escura.
Aula 02_Da Lanterna Mágica ao Panorama
Foi na década de 1650 que o projetor de imagens fixas foi inventado e depois batizado de lanterna mágica. As lanternas portáteis do século XVIII promoveram a difusão em camadas populares e o invento reinou absoluto por 250 anos até encontrar em sua frente o cinematógrafo. Nesse longo e rico período os espetáculos de projeções luminosas ganharam em dimensão e diversidade, servindo para a difusão do conhecimento, para o entretenimento e para estudos científicos.
Aula 03_Fotografia e Cronofotografia
Lançada comercialmente em 1839, a fotografia esperou quase 50 anos para emprestar seus atributos ao cinema. No início, para se registrar fotograficamente uma cena seria necessário horas de exposição do material sensível em placas de daguerreótipo. Com a criação de emulsões fotográficas mais sensíveis à luz surge a cronofotografia, um sistema de captação de imagens sucessivas e intermitentes. O princípio cronofotográfico seria aprimorado no cinematográfico às vésperas do lançamento do cinematógrafo.
Aula 04 _ O nascimento do cinema – contexto histórico
Os espetáculos de projeções luminosas encontraram no modelo do cinematógrafo as condições ideais para a exploração dentro da sociedade industrializada que se formou ao longo do século XIX. Para se consolidar como um produto cultural de massa, o cinema em seus primórdios investiu em sua capacidade de atrair a atenção de consumidores e por essa razão o período foi designado, pelo historiador americano Tom Gunning, como Cinema das Atrações. Marcado por filmes de curta duração, o conjunto da filmografia do período não tem uma padronização de formato, mas é caracterizado pelo seu índice de inventividade, experimentação e uso frequente de efeitos especiais.