MAURICE BLANCHOT – curso com JOÃO GOMES

Curso MAURICE BLANCHOT – POR UMA FRAQUEZA INFINITA com JOÃO GOMES

Maurice Blanchot (1907-2003) é um dos autores mais influentes do século XX. A extensão de sua obra atravessa áreas como a literatura, a filosofia, a história da arte e a estética bem como a ficção. Pensador e escritor inclassificável, Blanchot estabeleceu ou revelou um “espaço literário” de uma delicadeza e de uma radicalidade tamanhas que continua fazendo vacilar categorias ainda por demais enrijecidas tais como a do “autor”, do “eu”, de “obra” e de “livro” etc.

Neste curso nos propomos, em uma leitura de sua obra crítica e literária, a abordar um aspecto bastante preciso do pensamento e da escrita de Blanchot: a fraqueza. O autor nunca chegou a defini-la precisamente, mas notamos a sua presença, mesmo difusa, desde seu primeiro romance publicado em 1941, Thomas L´Obscur: “A maneira pela qual ele havia penetrado nesse lugar, tão obscuras fossem as circunstâncias, mostrava que um certo número de modos de pensar deviam ser aqui abandonados e que ele podia indiferentemente se considerar como tendo ou não tendo um corpo são, vigoroso e para dizer tudo, real.” Quando os modos convencionais de pensar nos parecem esgotados, eles próprios enfraquecidos, como nos servimos desta aparente fragilidade como uma nova forma de pensar? Como pensar a partir do esgotamento? Blanchot, em 1957, explicita essa nova exigência em outro romance, Le DernierHomme: “Ele tinha a fraqueza de um homem absolutamente infeliz, e esta fraqueza sem medida lutava contra a força deste pensamento sem medida, esta fraqueza parecia achar sempre insuficiente este grande pensamento, e ela exigia isso, que o que havia sido pensado de uma maneira tão forte fosse pensado de novo e repensado no nível da extrema fraqueza.”

Tais indícios literários acompanhados pela leitura da obra crítica do autor podem nos propor uma reflexão valiosa sobre a contemporaneidade, sobre os discursos de poder vazios e autoritários, mas também sobre uma subjetividade não fascista. Estabeleceremos um diálogo com outros nomes para os quais uma outra potência do pensamento também foi um dos pontos centrais de suas obras: Beckett, Deleuze, Nietzsche, Lapoujade e Agamben.

Cronograma:
Agosto 08, 15, 22, 29
Setembro 05 e 12

Datas: 08 de agosto a 12 de setembro de 2019
Horário: 19:30 às 21:30h
Duração: 6 encontros
Local: R. Amália de Noronha, 301(5 min. do metrô Sumaré)

JOÃO GOMES

Bacharel (PUC-SP) e mestre em História Social (Unesp). Passou um período de pouco mais quatro anos de pesquisas na França junto à l’Université de Paris-I La Sorbonne e da École Pratique desHautesÉtudes. Foi professor substituto na disciplina de História Medieval I na Unesp-Franca, professor especialista visitante na Unicamp onde tratou da “arqueologia histórica da coletividade indefinida na Idade Média” e ministrou cursos na PUC-SP, no CPF-SESC-SP, no MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) sobre Georges Didi-Huberman e de Giorgio Agamben, na Casa Tombada e na La Matrioska-uma escola de luta. Nestas duas últimas tratou da obra de Maurice Blanchot, Giorgio Agamben e da sociologia da multidão. Foi curador das seguintes exposições: “Desafortunados: fotos do primeiro albergue noturno de São Paulo” no Museu da Cultura da PUC-SP e de sua transposição para a Galeria Prestes Maia durante a Semana de Direitos Humanos; “Corpos que percorrem um espaço dividido” no MINC/FUNARTE de São Paulo; “Cicatrizes” individual de Laz Camargo no SESC-MT. Possui publicações em revistas e obras coletivas no Brasil e na França.

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