Atravessar o Grande Sertão – curso com José Miguel Wisnik

ATRAVESSAR O GRANDE SERTÃO
Curso no Atelier Paulista com José Miguel Wisnik

Ler Grande sertão: veredas é encarar o monstro, já que um dos sentidos dessa palavra é o de coisa colossal, descomunal, sublime. Mas o livro de Guimarães Rosa é também, em outro sentido, uma ruminação sobre a monstruosa e sempre renovada violência brasileira. Violência cuja lei periclitante, agindo a contrapelo das leis, vigora num sertão que é o mundo (mundo onde Deus, “quando vier, que venha armado”). O romance é, ainda, uma espantosa reflexão poética, radicalmente não maniqueísta, sobre a natureza do mal e, no mesmo ato, sobre o equívoco, o amor e a morte. Se Thomas Mann escreveu Doutor Fausto durante a Segunda Guerra Mundial, jogando o destino do livro no destino incerto da guerra, atravessar o romance de Rosa hoje é uma forma de atravessar, em outra dimensão, o grande sertão trágico do nosso tempo.
Livro sem divisão em partes ou capítulos, feito de “matéria vertente”, sem margem que não seja a terceira, Grande sertão: veredas não tem como ser enfrentado senão pela entrega a uma travessia que não tem ponto de chegada que não seja o meio, e nem ponto de saída que não seja a volta e a releitura (utilizo aqui uma chave interpretativa apontada por Clara Rowland em A forma do meio – livro e narrativa em Guimarães Rosa).
O curso propõe-se a acompanhar, em doze etapas, a sucessão narrativa do romance em sua ordem supostamente linear, oferecendo-se tanto a quem o lê pela primeira vez como a quem o relê. Sabendo, todos, que em cada ponto desse caminho cheio de idas e vindas, que é a fala escrita de Riobaldo, está jogado o percurso inteiro. E que por isso, também, ler e reler fazem parte do mesmo processo. A travessia se fará acompanhar, até onde isso for possível, daquilo que foi acumulado pela numerosa e riquíssima fortuna crítica do livro.

Para aqueles que não dispõem de um exemplar, sugerimos a 22ª. edição de Grande sertão: veredas pela Companhia das Letras (2019), em que o texto original vem acompanhado de uma antologia crítica, de uma substanciosa cronologia biográfica e de sugestões de leitura.

Duração: 12 encontros.
Datas: 12, 19 e 26 de abril; 03, 10, 17 e 24 de maio (dia 31 de maio não haverá aula); 07, 14, 21 e 28 de junho; 05 de julho.
Horário: 20h30 às 22h30 (horário de Brasília);
Local: Atelier Paulista, remoto (alinhado ao protocolo de biossegurança da OMS), com transmissão ao vivo que irá ocorrer por meio da ferramenta Zoom. O link de acesso será enviado sempre no mesmo dia do encontro.
Número de vagas: 130 (Zoom).

Para mais informações e inscrições: atelierpaulista@gmail.com ou (11) 97785-3897