A MÚSICA E A VOZ HUMANA: AMBIGUIDADE E MISTÉRIO
curso com EDUARDO SEINCMAN
“Tendo preparado a palavra para a música, foi questão, em seguida, de aplicar a música à palavra, e de fazê-la tão ajustada à cena lírica que o todo pudesse ser tomado por um único e mesmo idioma; o que produziu a necessidade de cantar sempre, para parecer sempre falar”. Jean-Jacques Rousseau, verbete “ópera” (Dictionnaire de la Musique, 1768)
A voz humana é fundamentalmente ambígua: se não temos um órgão fonador, de onde vem a voz? Seria ela outro eu? A voz é hálito, é sussurro, é fala, é grito, e é também canto. A voz tem corpo e ao mesmo tempo é incorpórea. A voz é única: a cada ser humano foi conferida uma voz própria, sua digital sonora. À voz é dada a capacidade de articular linguagens e, ao mesmo tempo, ela pode ser expressão da mais alta racionalidade e da mais terrível irracionalidade.
Que relações música e voz guardam entre si? Não possuindo a capacidade de articulação das palavras, a música estaria aquém, nas ou além das palavras?
Partindo da voz humana e da música como principais eixos de reflexão, o curso, em seguida, estabelece diversas pontes destas para com outras formas de conhecimento e expressão, como o cinema, a literatura, a filosofia, a estética. Tendo em vista ser necessário argumentar para todos os nossos sentidos, nossos materiais básicos serão, em princípio, os seguintes:
MÚSICA: Wagner, Villa-Lobos, Rachmaninoff, Poulenc, Mozart, Schoenberg
LITERATURA: Singer, Calvino, Ende, Ovídio, Cocteau
CINEMA: Cohen, Chaplin, Zizek, Lang, Scott, Lynch, Wenders, Rossellini
ESTÉTICA E FILOSOFIA: Rosenfeld, Vernant, Rousseau, Cavarero, Camus, Sartre, Steiner
Datas: 16 de agosto a 20 de setembro de 2017
Período: Quartas, das 20h – 22h
Duração: 6 encontros
Local: R. Amália de Noronha, 301
(5 min. do metrô Sumaré)
Vagas limitadas! Inscreva-se:
atelierpaulista@gmail.com
EDUARDO SEINCMAN
É compositor e Prof. Dr. da ECA-USP. Suas obras musicais têm sido regularmente divulgadas em concertos, espetáculos, CDs, sites e programas radiofônicos. Em suas aulas e palestras, nos últimos anos, tem se dedicado a despertar o universo da música clássica, principalmente ao público leigo, efetuando pontes entre o discurso musical e os demais meios de expressão artística (literatura, cinema, teatro, artes visuais, etc.) e do pensamento social e filosófico. Realiza, atualmente, o processo de gravação de seu ciclo de canções Spleen de Paris: Baudelaire cantado em verso e prosa que resultará em CD, site e espetáculos em 2017.